quinta-feira, 16 de abril de 2009

Vereadores são questionados sobre influência de seus doadores de campanha

O assunto em voga na semana diz respeito à possível influência que doadores de campanha possam ter no mandato de vereadores da Câmara Municipal de São Paulo. Entre os diferentes doadores, um tem chamado a atenção dos jornalistas em especial: a Associação Imobiliário Brasileira (AIB).

Segundo reportagem (de Fernando Barros de Mello e Mariana Barros) da Folha de S. Paulo de ontem, 15 de abril, vereadores paulistanos que receberam doações da AIB (Associação Imobiliária Brasileira) atuam em áreas na Câmara Municipal de interesse do mercado imobiliário.

A matéria diz que dos 41 projetos em tramitação que propõem alterações de zoneamento apresentados de 2005 em diante, 28 (68,3%) são de autoria de parlamentares que receberam doações da entidade em 2008.

Adilson Amadeu recebeu doação da AIB de R$ 200 mil. 


Conheça os vereadores que receberam doação da AIB

  • José Police Neto – PSDB (R$ 270 mil) 
  • Antonio Carlos Rodrigues – PR (R$ 240 mil)
  • Paulo Frange – PTB (R$ 200 mil)
  • Adilson Amadeu – PTB (R$ 200 mil)
  • Eliseu Gabriel – PSB (R$ 200 mil)
  • Carlos Apolinário – DEM (R$ 200 mil)
  • Marta Costa – DEM (R$ 180 mil)
  • Ricardo Teixeira – PSDB (R$ 150 mil)
  • Domingos Dissei – DEM (R$ 145 mil)
  • Ushitaro Kamia – DEM (R$ 130 mil)
  • Adolfo Quintas – PSDB (R$ 100 mil)
  • Carlos Alberto Bezerra Jr.- PSDB (R$ 100 mil)
  • Dalton Silvano – PSDB (R$ 100 mil)
  • Gilberto Natalini – PSDB (R$ 100 mil)
  • Gilson Barreto – PSDB (R$ 100 mil)
  • Jooji Hato – PMDB (R$ 100 mil)
  • Abou Ani – PV (R$ 100 mil)
  • Claudinho – PSDB (R$ 100 mil)
  • Toninho Paiva – PR (R$ 50 mil)
  • Goulart – PMDB (R$ 50 mil)
  • Wadih Mutran – PP (R$ 50 mil)
  • José Américo – PT (R$ 50 mil)
  • Juliana Cardoso – PT (R$ 40 mil)
  • Floriano Pesaro – PSDB (R$ 40 mil)
  • Mara Gabrielli – PSDB (R$ 40 mil)
  • Noemi Nonato – PSB (R$ 30 mil)
  • Sandra Tadeu – DEM (R$ 30 mil)
  • Ítalo Cardoso – PT (R$ 30 mil)
  • Arselino Tatto – PT (R$ 10 mil)


Ctrl C + Ctrl V: o outro lado

"Vereadores que receberam doações e as entidades AIB (Associação Imobiliária Brasileira) e Secovi afirmam que todas as doações são legais e que não afetam o trabalho na Câmara.

Presidente da AIB, Sergio Ferrador afirmou que outros setores também se organizam para levar seus pleitos. "Todas as nossas [doações] foram legais, tanto é que vocês sabem quem recebeu", afirmou.

O presidente do Secovi, João Batista Crestana, afirma que as entidades não têm ligação: "São personalidades jurídicas totalmente diferentes". Ele também diz que atua apenas no Secovi.

Os parlamentares disseram ainda que as doações não interferem no trabalho deles e afirmaram que nunca foram pressionados para votar conforme interesses do setor.
Presidente da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente, Carlos Apolinário (DEM) disse que as doações "não vão interferir porque não sou corrupto". "Todos os grandes políticos da nação receberam. Se for por esse lado, a nação está vendida", disse.

Vice-presidente da comissão, Toninho Paiva (PR) disse que o dinheiro veio "via partido". Ele afirma, no entanto, que defende a área imobiliária. "Ela gera muitos empregos, mas tem que ser tudo legal. Defendo o que é bom para São Paulo", afirmou.
Relator de projetos que interessam ao setor, José Police Neto (PSDB), o Netinho, afirmou que a maior parte das suas doações veio de outras fontes.

"Recebi 25% desse setor, 23% de outro setor e mais de 50% da sociedade civil, que deu R$ 300, R$ 500, R$ 700 etc. Pessoas físicas que acreditaram no trabalho", afirmou.
Segundo ele, as doações da AIB vieram via comitê financeiro. O vereador disse que só foi descobrir o que era a AIB depois. "É uma oportunidade de a sociedade nos acompanhar mais. Mas não quero que isso vire um processo de agressão aos mandatos", diz Netinho.

Italo Cardoso (PT), que preside a Comissão de Constituição e Justiça, afirmou que sua atuação na comissão foi contestada por "todo o setor imobiliário". "Minha conduta na Câmara não tem nada a ver com nenhum tipo de atrelamento."

Gilberto Natalini (PSDB) disse ser crítico das mudanças do Plano Diretor e que não poderia atuar por interesses da área. Para o presidente da Casa, Antonio Carlos Rodrigues (PR), como não há financiamento público, "se não tiver doação só pode ser vereador quem for rico". O vereador Paulo Frange (PTB) não ligou de volta até o fechamento da edição."




Outros pais adotivos falaram sobre o assunto:


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